sexta-feira, 3 de julho de 2009

Praça do Comércio - Pobre Cidade

Hoje apeteceu-me gritar ao mundo, falar bem alto para que a minha voz ecoasse até aos céus. Berrar mesmo! Vociferar, para que todos pusessem ouvir esta minha indignação e impotência, esta minha “pedra no sapato”, que me acompanha todas as manhãs quando chego antes das 8 horas, à Praça do Comércio em Lisboa. Quando me deparo com dezenas de pessoas que desmontam as suas “casas”, depois de uma noite ali pernoitada. Nas arcadas onde se instalam inúmeros serviços públicos e por onde, durante o dia, passam tantas pessoas e muitas com mais poderes decisivos que eu.

É demencial ver aquela azafama, por entre, dobragem de cobertores e tirada dos cartões que substituem os confortáveis colchões. O turbilhão do desmantelar e apagar os vestígios de uma noite ali dormida. O cheiro a urina! Mijo! As garrafas vazias, a ressaca do outro dia, o vómito, a pobreza de espírito, de alma. A pobreza económica, boémia, a pobreza da carteira, da droga, da imigração e da exclusão. A pobreza camuflada, a pobreza das pobrezas…

Os sacos com os haveres de cada um, as suas “casas portáteis”, empilham-se por entre a calçada portuguesa. A florista chega e apronta a sua banca de venda de flores, os serviços públicos acordam e assim, acorda a “pobre cidade” também. É triste ver a pobre cidade acordar assim e agora com a requalificação da Praça do Comércio, será que se vai equacionar uma alternativa para esta decadente problemática?

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